Reunião

Pescadores se preparam para safra de camarão

Reunião técnica na Colônia Z-3 tratou de temas como comercialização e conservação, com distribuição de caixas térmicas

Carlos Queiroz -

Nesta quarta-feira, uma reunião técnica envolveu pescadores artesanais de Pelotas, além da prefeitura, Estado, representantes do setor pesqueiro e a Emater. Durante o evento, realizado na Colônia Z-3, além da capacitação técnica dos trabalhadores da área houve a entrega de caixas isotérmicas, visando proporcionar uma melhor conservação do pescado até que chegue à mesa do consumidor. Na reta final da captura da corvina e da tainha, as colônias já se preparam para a mais importante safra, que começa no próximo mês: a do camarão.

Após dois anos de impedimento da realização de atividades no salão da Igreja da Z-3 devido à pandemia, as reuniões técnicas foram retomadas. Neste ano, a atividade foi dividida em palestras sobre "Armazenamento e conservação de pescado", ministrada pelo Serviço de Inspeção Municipal e "Boas práticas de fabricação'', através da Vigilância Sanitária. "As capacitações sempre existiram e a Emater sempre trabalhou com os pescadores na questão de capacitação em diversas áreas, tanto na conservação de pescado, da comercialização das feiras e ordenamento pesqueiro. São temas corriqueiros, mas de extrema importância", explica a extensionista da Emater, Márcia Vesolosquzki.

Durante a ação, houve a distribuição de 50 caixas isotérmicas aos pescadores da Z-3 e da Balsa. O equipamento de conservação foi adquirido pelo governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), e beneficiou, além de Pelotas, outros dois municípios da Zona Sul: São José do Norte e Arroio Grande. Conforme explica a extensionista, a doação tem foco na qualidade de vida deste público, já que a pesca de subsistência é uma forma de conquistar o alimento diário. "Para essa melhora surge o objetivo que é dar uma melhor conservação do pescado que será vendido nas feiras e na apresentação do produto."

Pelo fato de os pescadores ficarem horas em atividade, os peixes, após a captura, ficam expostos à temperatura ambiente durante longo tempo, podendo se deteriorar, fazendo com que se tornem inadequados para o consumo, especialmente pelo armazenamento de forma imprópria. Neste sentido, o programa Refrigerar, da SDR, tem doado as caixas de plástico com capacidade para 75 litros, para possibilitar a conservação do alimento.

A escolha dos beneficiados se deu por meio da Associação dos Pescadores Feirantes da Colônia Z-3. O principal critério foi a necessidade de licenciamento para a realização de feiras. O secretário de Desenvolvimento Rural de Pelotas, Jair Seidel, explica que tratam-se de pescadores que atuam na venda de peixe na cidade durante todo o ano ou concentram comercialização na Semana Santa. "Uma caixa não terá capacidade para armazenar todo o pescado de cada banca, mas ajuda gerando economia para a aquisição de outras pelo feirante", diz.

De olho na Lagoa

Enquanto cerca de 50 pescadores acompanhavam a reunião, outros dedicavam-se à reta final da pesca da corvina e da tainha, que acontecem de outubro a fevereiro e de outubro a maio, respectivamente. Um levantamento sobre o desempenho dos pescados só será realizado após o fim da época de captura, entretanto a tendência é que a safra da corvina seja semelhante à de 2020/2021, com quatro mil toneladas recolhidas. Já a da tainha deve ficar abaixo. "Na semana passada houve aumento na quantidade de tainha, porque até então era somente corvina e linguado. Mas na semana passada começou a captura de uma quantidade bastante razoável", explica Márcia.

Quanto à captura do camarão, que inicia no dia 1º de fevereiro e segue até 31 de maio, a expectativa é boa, conforme o presidente do Sindicato dos Pescadores da Colônia Z-3, Nilmar Conceição. "Nestes dias, o trabalhador se volta mais à preparação para a safra do camarão, deixando de lado a tainha, pois o camarão é o que dá o maior sustento. Faltam 27 dias e o pessoal está ansioso, mas está lá na água ainda, não podemos nos precipitar."

De acordo com a Emater, ainda é cedo para projetar números para a safra, mas a extensionista afirma que as condições climáticas, principalmente devido à escassez de chuva, têm sido crucial para a expectativa positiva. "Tendo estiagem a gente tem uma possibilidade maior de captura porque a Lagoa estando com nível mais baixo, entra a água do mar, salga a lagoa e há aumento na perspectiva de captura do camarão."

Já em Rio Grande, na Colônia Z-1, a pesca predatória tem causado impacto na corvina e tainha. "Foi uma safra frustrante e o pior é que não é por falta de peixe e sim pela pesca predatória que ele não chega até os pescadores", reclama o presidente da Colônia, Nilton Machado. A utilização de materiais proibidos para retirada de pescado em uma velocidade superior à capacidade de recuperação do estoque tem causado o problema, uma vez que os peixes acabam não adentrando o estuário, o que compromete o sustento de mais de cinco mil famílias.

Segundo Machado, a dificuldade aumentou há cerca de sete anos. Também vereador da cidade, o sindicalista afirma que o Poder Público tem dialogado sobre a pesca ilegal e maneiras para intensificar a fiscalização. Entretanto, defende que, para que a lei saia do papel, é necessária a união de órgãos estaduais e federais, como Guarda Municipal, Ibama, Patram, Capitania dos Portos, Marinha do Brasil, Ministério Público, Polícia Federal e Secretaria da Pesca.

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